Movimento estudantil: um bicho de sete cabeças?

No final do ano completo quatro anos de formado em Relações Públicas pela UNESP. Portanto, não sei qual é a exata situação dos diretórios e centros acadêmicos e do movimento estudantil na UNESP.
Movimento estudantil. Quando a maioria de nós lê ou ouve esta expressão, a imagem que nos vem à cabeça é um grupo de estudantes, grande parte de orientação marxista, organizando passeatas e falando sobre coisas que acreditamos não nos dizer respeito, quando deveríamos entender por movimento estudantil toda ação coletiva coordenada de estudantes em busca de algo que melhore as condições de vida e estudo dessa coletividade.
E quais as razões pelas quais não enxergamos tal papel no movimento estudantil? Há inúmeras razões: a crescente despolitização da sociedade e conseqüentemente da juventude, o maior individualismo vigente em nossa época, dentre outras, mas creio que a principal delas é que os estudantes não se vêem representados no movimento estudantil tradicional. A cada vez que um membro de centro acadêmico se preocupa mais com a política externa do governo Bush do que com a falta de condições de estudo na universidade, o movimento fica desacreditado. A cada processo eleitoral em que as chapas passam um debate todo discutindo como o governo Lula traiu a esquerda e nada dizem em relação à falta de laboratórios ou de professores melhor preparados, mais alunos deixam de lado a política estudantil.
Por outro lado, vemos organizações estudantis como empresas juniores e atléticas, crescendo e despertando interesse cada vez maior nos alunos. Por quê? Porque eles se preocupam com os problemas do cotidiano estudantil. A atlética se preocupa com a integração por meio do esporte e de festas (prazeres burgueses e alienantes, segundo a parcela mais ranzinza do movimento estudantil) e as empresas juniores em melhorar a preparação e formação dos alunos para o mercado, além de preencher, ou ao menos tentar preencher, algumas lacunas na formação profissional destes.
Não estou dizendo que estas organizações bastam, pelo contrário, creio que diretórios e centros acadêmicos fortes são de extrema importância, especialmente em uma universidade pública como a UNESP, que a despeito de suas deficiências e problemas deve ser celeiro de pensamento crítico. Tampouco acho que as questões nacionais e internacionais devam ser deixadas de lado. Mas, por favor, antes de discutir os prós e contras da globalização, vamos tentar resolver a falta de laboratórios decentes, para ficar só em parte dos problemas. Do contrário, os diretórios e centros acadêmicos, que como bem citou nosso colega Lucas, já contribuíram na formação de tantos líderes, serão apenas parte de uma história distante, o que seria uma perda irreparável.

Thiago de Souza Rocha (Avaré), formado em Relações Públicas pela UNESP em 2004, pós-graduando em Marketing pela FGV, fez parte da RP Jr. e da Atlética UNESP Bauru, mas se absteve de participar do Centro e do Diretório Acadêmicos, que em seu tempo só se preocupavam em dizer não à ALCA.

Esta semana publicamos textos de alunos sobre C.A., um assunto sempre instigante e gerador de discussões. Esperamos que aproveitem, reflitam e se mobilizem!

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